'Manifestações só vão parar com saída de Dilma', afirmam organizadores de protestos - Diário
- 8 de nov. de 2015
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O protesto, embora menor em público que o primeiro, foi considerado um sucesso pela organização
Os protestos contra o governo só devem parar com a renúncia ou “impeachment” da presidente Dilma Rousseff (PT), afirmara os organizadores do protesto que tomou as ruas de Sorocaba, no último domingo (16). Na cidade, a manifestação reuniu cerca de 3.500 pessoas, que protestaram por pouco mais de uma hora, segundo a Polícia Militar (PM). O número de participantes superou o do último ato no dia 12 de abril, que foi de 2 mil, mas ainda foi abaixo do registrado no primeiro manifesto, que concentrou 35 mil pessoas.
Segundo um dos organizadores, Márcio Graciano, não há novas datas para manifestações, mas o desejo é de que “Dilma caia de uma vez para que a gente não tenha de fazer um protesto desta proporção, mas se tiver de fazer alguma coisa a mais, a gente vai fazer.”
Para Graciano, o número de participantes no ato foi uma surpresa, já que os organizadores têm como base a passeata do dia 12 de abril. “Não se compara mais ao dia 15 de março. Aquilo foi um fenômeno, mas a gente já superou o dia 12 de abril”, afirma. Para ele, o protesto de domingo foi um sucesso.
Ainda segundo Graciano, o número de participantes no primeiro protesto foi resultado de um “impulso”. “Agora, as pessoas estão indo e sabendo o que está acontecendo e conscientes do que elas querem.” Já para a Roseli Teles, 55, o pouco envolvimento da população nos atos revela o cansaço do povo. “A gente quer ver mais resultados e divulgação”, ressalta a biomédica que foi pela primeira vez ao ato e só teve conhecimento após o final de cada manifestação.
O protesto iniciou-se às 16 horas na Praça Arthur Fajardo, a Praça do Canhão, no Centro, e terminou pouco mais de uma hora, na Praça da Amizade, no Jardim Santa Rosália. Antes do início da passeata, os organizadores frisaram que a mobilização era apartidária. Eles também venderam camisetas dos grupos “Vem Pra Rua” e “Movimento Brasil Livre”, com o objetivo de arrecadar fundos para cobrir as despesas do ato, como divulgação nas redes sociais e carros de som.
Os gritos e protestos dos participantes, mais uma vez, foram em sua maioria contra a presidente Dilma Rousseff, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Partido dos Trabalhadores. Entretanto, um terceiro nome foi exaltado durante a passeata - o do juiz federal, Sérgio Moro, que está à frente dos processos penais da “Operação Lava-Jato”, que investiga a corrupção na Petrobrás. Em diversos momentos, ouviram-se aplausos em apoio ao juiz.
A passeata, assim como as últimas duas, foi pacífica e, segundo a PM, nenhuma ocorrência foi registrada. O público, composto na maior parte por famílias e casais, vestidos de verde e amarelo, também foi o mesmo dos últimos protestos.
Ao longo do manifesto, os participantes chamavam as pessoas que estavam em suas casas para se juntarem à passeata. Funcionou com algumas famílias, como uma que promoveu um “panelaço” em apoio aos manifestantes na Rua Dr. Álvaro Soares. No entanto, ao passarem pelo terminal Santo Antônio, os gritos de “vem pra rua” foram recebidos com certa frieza pelos passageiros dos ônibus.
Diferentemente da manifestação do dia 12 de abril, onde a organização contratou um trio elétrico para a passeata, desta vez, foram dois carros de som que se localizavam na frente e atrás dos manifestantes. A pouca potência sonora dos veículos foi sentida pelo público. Quem estava mais atrás na passeata não conseguia ouvir o que os organizadores falavam na frente, tirando em diversos momentos o uníssono dos gritos de protesto.
No fim do protesto, os problemas com o som foram comentados pelos organizadores, que lamentaram a dificuldade de comunicação e alegaram a falta de recursos para contratar um carro melhor.
A organização do ato também colheu assinaturas para o projeto de iniciativa popular “10 Medidas Contra a Corrupção”, do Ministério Público Federal, e também um formulário de filiação ao Movimento “Brasil Livre”. Um terceiro documento, de iniciativa da subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-Sorocaba), que propunha um reforma política, foi criticada pelos organizadores, que a chamaram a iniciativa de “reforma petista”, alegando que a proposta era influenciada pelo PT.
Após provocações dos organizadores, o presidente da OAB de Sorocaba, Alexandre Ogusuku, tentou discursar ao público para explicar o projeto, mas foi hostilizado pelos participantes do protesto, precisando de apoio da PM para sair da proximidade do carro de som com segurança.
À reportagem, Ogusuku assumiu que o projeto de reforma política é controverso. “Me parece que os líderes do Movimento ‘Brasil Livre’ e ‘Vem Pra Rua’ não apoiam esse projeto. Mas são 50 entidades do Brasil que apoiam o projeto de eleições limpas”, disse o advogado, afirmando que o projeto é idealizado pelos mesmos que encabeçaram a lei do “Ficha Limpa”.
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