O mundo literário de Ana Cristina - Diário de Sorocaba
- maaatheusgomes
- 8 de nov. de 2015
- 4 min de leitura

Com apenas 11 anos, pequena escritora comemora sucesso do primeiro livro de poesias e prepara romance para lançar em 2016
A primeira coisa que se percebe ao conhecer a pequena Ana Cristina Rodrigues Henrique, 11 anos, é que timidez não é uma palavra dentro do seu extenso vocabulário. Em visita à redação do DIÁRIO no último sábado (31), a pequena escritora sequer esperou o “vamos lá” sinalizando o início da entrevista para já começar a falar sobre sua incrível relação com a leitura. Exibia, orgulhosa, os vários certificados de participações em saraus, homenagens e palestras que ela ministra.
Entre os certificados, destaca-se o pequeno livro de poesias “Sementes de Ana Cristina”, lançado em janeiro deste ano, que já está na sua segunda edição. No último mês, Ana Cristina comemorou a marca de mil exemplares vendidos da sua estreia no mercado literário. O próximo passo já está sendo preparado pela escritora, que tem mais dois livros - um de poesias e um romance, inteiramente finalizados, que pretende lançar no próximo ano.
Sobre o romance, Ana Cristina conta que a história girará em torno de uma história de amor de um casal que se conheceu na infância e só se concretiza muitos anos depois. “Eles passam por várias coisas, como faculdade, exército e todas essas coisas que separam. Porém o amor não acaba e eles se casam com 85 anos”, adianta a escritora que duplicou o primeiro capítulo do livro para contar o início da narrativa sobre a perspectiva dos dois personagens principais.
O interesse pela leitura na garotinha nasceu cedo. Quando pequena, a mãe, que costumava ler para ela, plantou na filha uma semente de curiosidade para o mundo infinito de possibilidades da leitura. “Eu via uma coisa escrita e já queria ler. Tinha uma bula de remédio, e eu lia”, conta a pequena escritora que com cinco anos começou a ler.
“Eu não tinha o hábito de ler, mas eu lia muito para os meus filhos, desde quando eles eram bebês”, conta a mãe, Andrea Cristina Aparecida Rodrigues, 47 anos. “Ela sempre teve mais interesse, me pedia para ler de novo. Em todo lugar que a gente saía e eu levava eles, ela pedia pra eu ler as placas de trânsito. Tudo ela perguntava.“
Ana Cristina acredita que sua curiosidade em entender o mundo a ajudou na sua precoce alfabetização e em seu interesse pela leitura. “Acho que eu era muito curiosa. Sempre pergunto o porquê e peço uma explicação das coisas. Não dá para fazer surpresa comigo”, conta, aos risos.
A escritora precoce foi descoberta no final do ano passado por um editor declamando poesias em um sarau organizado pelo “Cantinho Girassol”, espaço dedicado aos amantes da leitura no Wanel Ville, bairro onde mora. Com a proposta de fazer um livro, Ana Cristina começou a reunir os 20 poemas que integram o “Sementes...”.
Admiradora de escritores como Pedro Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Vinícius de Moraes e o norte-americano John Green, Ana Cristina estabeleceu uma meta de ler cerca 200 livros até o final de ano. “Agora no começo de outubro, final de setembro, eu já bati os 200”, diz a menina, que costuma ler de três a quatro livros simultaneamente para a surpresa da mãe. “Eu não sei como ela não confunde os personagens.”
Para o futuro, a menina não pensa em parar de escrever, embora também queira ter outras profissões, como atriz e advogada, que, para Ana Cristina, seria uma forma de combater injustiças. “Eu gosto muito de argumentar e lutar pelos direitos. Todo mundo tem direitos e acho um absurdo tirá-los das pessoas.”
Palestras também entram na agenda da garota
Além da vida de escritora, Ana Cristina também costuma ministrar palestras com crianças e adultos em escolas, faculdades e empresas. “Dou palestras motivacionais em empresas e em escolas e faculdades, incentivo a leitura e falo sobre empreendedorismo“, conta a menina que, no último dia 27 ministrou palestra para cerca de 400 alunos em uma universidade da cidade e analisa a menina para mais cinco convites em sua agenda de estudos e provas na escola.
Sobre o conteúdo das palestras, a menina garante que não decora nada nem segue um script. “Sempre pergunto para minha mãe antes de dar a palestra: ‘O que vou falar?’ Fico um pouco travada, mas quando subo ao palco e começo a falar, fico mais à vontade”, conta Ana Cristina, que ainda brinca: “Acho que já é de mim querer um palco.”
Questionada sobre o público para o qual gosta mais de conversar, a menina diz que prefere os adultos e relata uma experiência em uma palestra dada para crianças em uma escola. “Algumas ainda não sabia ler, então, tive de falar o valor da leitura para quem não entendia muito disso”, conta Ana Cristina, que também diz se preocupar com o uso das palavras para que elas não sejam complexas demais para os pequenos. Já com os mais velhos, sua preocupação é outra. “Fico com medo de falar alguma coisa errada.”
Para a menina, a leitura é uma das coisas fundamentais na vida das pessoas. “Sem a leitura, não conseguimos praticamente nada. A gente não consegue arrumar um emprego, não consegue ir bem na escola”, salienta a pequena poetisa que ainda completa com uma frase de que gosta muito: “A leitura é a chave para o universo que não tem fim.”
A escritora quer que as pessoas identifiquem-se com suas poesias e histórias. “Eu quero, quando escrever, que alguém leia e pense: ‘Nossa, eu vivo isso, eu me inspiro nisso’.”
Texto também disponível clicando aqui.
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