Entrega de ginásio no Nilton Torres é marcada por protestos e confusão - Diário de Sorocaba
- maaatheusgomes
- 23 de fev. de 2016
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Prefeito chegou a bater boca com manifestantes
A entrega do ginásio poliesportivo “Professor Edson Antão de Souza”, no bairro Nilton Torres, foi marcada por protesto e discussões entre moradores e o prefeito Antônio Carlos Pannunzio. Cartazes com frases “Os buracos têm que tapar, para os ônibus voltarem a passar”, “Cajuru esquecido? Nilton Torres acordado”, os manifestantes reivindicaram, principalmente, ações contra as péssimas condições das ruas do bairro e pediram mais creches na região.
Logo no começo do discurso do secretário de Mobilidade, Desenvolvimento Urbano e Obras, Antônio Benedito Bueno Silveira, o grupo de moradores começou a protestar e a levantar cartazes. Irritado com a manifestação, o prefeito, então, tomou o microfone e começou a defender a obra. “Estamos aqui prestando contas”, disse antes de deixar o púlpito e seguir em direção à arquibancada, onde se encontravam os manifestantes, e começou a discutir com eles. A Guarda Civil Municipal precisou conter o tumulto, até que Pannunzio se retirasse do local e voltasse à quadra, onde seguiu com a cerimônia, apesar dos gritos dos manifestantes.
A principal reclamação dos manifestantes é sobre as condições das ruas do bairro, que, segundo eles, estão cheias de buracos. A dona de casa Cristiane Aparecida Galvão era uma das mais exaltadas no protesto. Ela conta que apenas as ruas ao redor do ginásio foram recapeadas. “O prefeito apenas fez o tapa-buraco na frente do ginásio de esporte. Para que ginásio de esporte, se o bairro e o Cajuru estão necessitando de creches, de bancos, de uma base da Polícia Militar? Nem nexo tem a gente estar aqui se não temos direito à saúde e à segurança. É um perfeito descaso com a gente, trabalhadores e moradores aqui do bairro”, diz Cristiane afirmando que os protestos não devem acabar. “Agora a gente vai até o fim.”
Cristiane ressalta não ser contra a implantação do ginásio, mas pondera que há outras prioridades no momento, como construir escolas para região. “Nós, moradores, achamos que eles estão construindo esse ginásio, é para eles simplesmente não pagarem funcionários que eles teriam de pagar caso construíssem uma escola”, conta a dona de casa que ainda diz ter sido empurrada pelo prefeito quando ele subiu à arquibancada. “Ele, como prefeito, deveria ter mais respeito, pois estamos aqui protestando por um direito que é nosso.“
Ao fim do evento, o chefe do Executivo disse à imprensa que manifestações são naturais, mas a que aconteceu no ginásio não representava a população do bairro por não ter mais de 15 manifestantes, apesar de a reconhecer como legítima. “Eu também, se morasse aqui, estaria reivindicando melhorias. Isso é muito natural”, afirma Pannunzio, que ainda culpou a crise econômica pela falta de melhorias para o bairro. “A Prefeitura não tem condições, no bojo de uma crise como esta, para assumir compromissos para, simplesmente, deixar as pessoas satisfeitas em ouvirem o que não vai ser cumprido.” Sobre a decisão de ir até a arquibancada e falar com os manifestantes, Pannunzio afirma que o objetivo foi mostrar que não tinha medo do protesto. “Se eles querem atingir o prefeito, eu estou aqui.”
No fim da coletiva com a imprensa, duas moradoras que estavam no protesto chamaram o prefeito para apresentar reivindicações. Pannunzio chegou a atender às moradoras, mas, após ter sua fala cortada diversas vezes, desistiu da conversa e foi embora do ginásio escoltado por dois carros da Guarda Civil Municipal.
ASSESSORES DO PT – Durante a cerimônia, a reportagem foi informada por um assessor do prefeito de que havia quatro assessores do PT, que, segundo ele, poderiam estar por trás do protesto. Questionada, uma manifestante nega que havia partidos políticos por trás do protesto, mas confirma que havia assessores do PT no evento. “Na hora que me falaram que tinha assessor político, eu saí de perto, porque aqui ninguém representa a gente”, diz Bruna da Silva Santos, que conta que o a manifestação foi organizada pelos próprios moradores, sem qualquer influência política. “Aqui é o povo pelo povo e para o povo.”
Texto também disponível no site do Diário de Sorocaba
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