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Gláuber Piva quer mudar o jeito de se fazer política em Sorocaba - Diário de Sorocaba

  • Foto do escritor: maaatheusgomes
    maaatheusgomes
  • 27 de set. de 2016
  • 10 min de leitura

Foto: Fernando Rezende

O candidato do PT, Gláuber Piva, é o segundo da série de entrevistas do DIÁRIO com os postulantes à Prefeitura de Sorocaba. Piva falou sobre suas propostas e polêmicas envolvendo sua candidatura. A publicação das entrevistas segue como critério a ordem crescente do número do candidato na urna. O número de Piva é o 13. No sábado passado, abrindo a série, foi o candidato do PBR, Hélio Godoy, número 10, e amanhã é a vez de José Crespo, do DEM, cujo número é o 25.

Gláuber Piva Gonçalves é natural de Poços de Caldas (MG), tem 44 anos, é mestre em Políticas Públicas e Formação Humana, pela Universidade Estadual do Rio de Janeiro, bacharel em Ciências Sociais, pela Universidade de São Paulo (1994), e sociólogo. Desde 1989, é filiado ao Partido dos Trabalhadores.

Piva já atuou como secretário municipal de Cultura da cidade de Votorantim, de 2001 e 2004. No período, fez o intercâmbio com gestores de cultura, que buscou integrar 35 secretários municipais de Cultura das administrações do Partido dos Trabalhadores.

No fim de 2004, foi eleito o primeiro-secretário nacional de Cultura do PT, cargo em que ficou até 2008. Assumiu, a partir de 2007, a chefia de gabinete da presidência nacional do PT. Entre as atividades exercidas, integrou um comitê, que coordenou todo o programa de governo do ex-presidente Lula em 2006, incluindo as concepções teóricas do Programa de Aceleração do Crescimento e a proposta do Vale-Cultura.

Em 2009, assumiu o cargo de diretor da Agência Nacional do Cinema (Ancine), permanecendo durante quatro anos, até concluir seu mandato em 22 de abril de 2013. Na ocasião, chegou a ser convidado para renovar seu contrato de permanência no cargo, mas recusou e retornou a Sorocaba.

Na cidade, dedicou-se ao trabalho de consultoria na área de Comunicação e Cultura. Em 2015, recebeu o título de Cidadão Sorocabano e lançou seu nome como pré-candidato da chapa petista à Prefeitura. Esta é sua primeira eleição.

DIÁRIO DE SOROCABA - O PT, partido ao qual pertence, passa pela sua pior crise nesses últimos anos. Na última pesquisa IBOPE/TV TEM, divulgada em 15 de setembro, seu nome apresentou 3% das intenções de voto e maior de rejeição entre os eleitores. Como você, há 11 dias da eleição, pretende mudar essa situação?

CANDIDATO - Primeiro, essa pesquisa já está velha perto de hoje (a entrevista foi feita no dia 21 de setembro); a divulgação foi no dia 15 e registrada no dia 9. Entendo que nós estamos vivendo um momento de enorme crise política no País; uma crise das instituições políticas, e isso é gravíssimo. Eu não desconsidero a crise pela qual passa o PT. Sou filiado há muito tempo e sei da crise que a gente tem vivido hoje, e sei que o quadro nacional incide na eleição municipal, mas acho muito interessante a rejeição da Prefeitura; também tem influenciado as intenções de voto. Eu tenho ido às ruas e tenho sido super bem-recebido. Tem sido um tratamento maravilhoso, e ouço o tempo todo: 'Olha, você é o melhor candidato, você tem as melhores propostas, você está preparado', e eu quero, nestes últimos dias, expor-me mais, expor minha história, minhas qualidades, minhas propostas, e isso vai ser um elemento importante para fazer com que a gente chegue ao segundo turno.

Falando um pouco mais da sua campanha política, observa-se que os candidatos, não só a prefeito como também para vereador do PT, têm abandonado o vermelho característico do partido. A sua tem o vermelho, mas outras cores, a estrela do PT já não têm tanto destaque. É uma estratégia de desvincular a sua imagem ao partido?

Você fez uma análise semiótica de todas as logomarcas de todas as campanhas? O candidato que mais coloca o símbolo do partido sou eu. Essa pergunta é injusta a minha campanha, porque parte do que talvez seja a vontade do senso comum de que os partidos sumam. Quem tem o símbolo mais forte, maior e mais presente é a minha campanha. A gente não vê o símbolo do DEM, do PRB, do PSDB com tanto destaque igual tem a minha campanha. O eleitor vai votar no número 13 e sabe que o número 13 é o número do PT. Quanto mais transparência na campanha, melhor, e é nisso que aposto.

Mas, então, já entrando na questão da análise da

logomarca, qual a mensagem que a sua quer passar?

Da diversidade, da tolerância e da alegria. A gente não vai mudar a política no Brasil, a política em Sorocaba com uma campanha velha. É preciso reconectar a política com a vida real. E fazer isso é perceber que Sorocaba são muitas Sorocabas, como os Brasis são diversos e é preciso que na política, no debate eleitoral, isso fique claro.

Qual será o principal

pilar do seu governo?

A renovação da pratica política. Sorocaba é uma cidade maravilhosa, mas que tem gravíssimos problemas. Poderia destacar aqui ações claras que eu falo sempre, a saúde. É preciso dar um choque de inteligência na saúde, por isso que estou propondo um pacto pela saúde. As UBSs voltando a funcionar até as 19 horas com uma estratégia de que 80 equipes completas atendam à população. A gente vai fazer uma policlínica na zona norte logo no primeiro ano para a gente ter uma rede até o final do mandato. Falando da educação, temos a merenda com produtos orgânicos, valorização dos servidores e qualificação deles, ensino de formação continuada. Posso te falar da relação com os servidores municipais, como, por exemplo, acabar com assédio moral tão denunciado pelos servidores. Do chefe que manda no chefinho, que manda no subchefinho em uma cadeia de microchefes, de um mandando no outro até que o servidor concursado e qualificado, que poderia estar fazendo um bom serviço, sente-se desconectado da Prefeitura, e nisso teremos o maior cuidado. Minha prioridade está no jeito de fazer política. A gente precisa acabar com esse poço entre a política e a mundo real. O prefeito não pode achar que vive na torre do palácio da Prefeitura, porque tem de governar no chão da cidade, olhando nos olhos das pessoas e conversando com elas. Isso é municipal, e o sorocabano precisa voltar a acreditar na política brasileira e na política em Sorocaba. Mudando isso, a gente pode reconectar quem vive aqui à própria cidade, dialogar com a autoestima de quem mora aqui e, assim, avançar e fazer Sorocaba uma cidade melhor.

Você foi secretário de Cultura de Votorantim, secretário nacional de Cultura e diretor da Agência Nacional de Cinema (Ancine). Recentemente em Sorocaba, tivemos o corte da verba do Linc. Quais são suas propostas para a Cultura?

Tenho uma trajetória muito forte ligada às políticas públicas para a Cultura. Sim, fui secretário municipal de cultura, nacional de cultura e presidente da Ancine. Meu mestrado, meus estudos têm sido voltados para as políticas públicas, educação, cultura e comunicação no geral. No caso da Cultura, primeiro, vamos criar a Secretaria de Arte e Cultura, valorizar a Linc, apoiar o Fundo Municipal de Cultura e respeitar integralmente o Plano Municipal de Cultura. Essas são ações institucionais importantes, mas também devemos fazer com que, ao mesmo tempo, as ações e política voltadas à cultura dialoguem com o artista e com o público, com a cidadania e com o desenvolvimento econômico. Por isso, a Cultura vai ter um espaço nobre na gestão da cidade. Vai ser importantíssimo para garantir uma percepção maior das culturas sorocabanas tão diversas que temos aqui e hoje invisíveis. Queremos valorizar os artistas e conhecer todos os fazedores de cultura. A Secretaria de Cultura vai deixar de ser uma subsecretaria do governo para ter um status muito importante para que qualifique a cidadania, mas também que permita que o mundo da cultura possa perceber a importância que ele pode ter no PIB da cidade e no PIB nacional.

Você tem uma ligação muito forte com os setores da Cultura, mas pouca experiência com política e outras áreas também necessárias a um município, como saúde, educação, mobilidade pública, entre outras. Você acredita que essa experiência o faz apto para governar uma cidade como Sorocaba?

Não tenho dúvida de que sou o candidato mais preparado para governar Sorocaba. Nenhuma; seja em trajetória acadêmica ou trajetória pessoal. A gente precisa enterrar essa velha política. Sorocaba tem três deputados estaduais, dois federais e a Educação vai muito mal, a Saúde está abandonada e a sensação de insegurança é quase que insuperável. Sou filiado ao partido há 27 anos. Faço campanhas eleitorais, faço debates políticos e acredito que precisamos superar essa ideia de que a política é algo distante da gente; de que existe a política e que existem os cidadãos. Todos nós fazemos política. Eu faço política partidária, escrevo sobre isso há muito tempo, escrevo artigos para jornal, tive programa de rádio sobre política e tenho trafegado no mundo da política institucional com cargos municipais e federais. Também tenho trafegado pela política partidária e tenho transitado pelos grandes debates da política sorocabana. Não à toa, tive uma presença muito forte pelos debates sobre o Plano Municipal de Educação e sobre o Plano Diretor. Mais que isso é “carguismo”, e isso não quero mais. É preciso que a gente renove a política no chão da cidade, sem “carguismo”, porque isso não está no nosso plano.

A questão da saúde tem sido bastante discutida entre os candidatos, principalmente pelos cortes feitos pela Prefeitura nesta área, como, por exemplo, a questão das UBSs. Quais suas propostas para a Saúde?

Estou propondo um grande pacto pela saúde. Precisamos de um choque de inteligência, porque é um absurdo que as crianças que ficam doentes na zona norte não consigam atendimento na UPH da Itavuvu ou que um adulto da zona oeste não consiga atendimento da UPH da General Carneiro. É um absurdo que uma pessoa que queira usar um banheiro numa Unidade Pré-Hospitalar sinta-se tão desrespeitado. Isso aconteceu comigo e acontece todos os dias enquanto a gente conversa aqui. No choque de inteligência, vamos convidar profissionais da Saúde e servidores públicos para um grande mutirão e, em seis meses, reduzir muito, radicalmente as filas para exames e consulta. Fazer uma Policlínica na zona norte, preparar Sorocaba para ter uma rede de policlínicas e um Hospital Municipal, fazer uma Estratégia da Saúde da Família com 80 equipes para atender 320 mil pessoas até o final do mandato, porque prevenir é melhor do que remediar. Não adianta pensar na Saúde se a gente não consegue fazer um atendimento primário. Isso vale para qualquer tipo de atendimento na saúde, inclusive para a saúde mental. Vamos recuperar os Caps; os Centros de Atendimento Psicossocial, que hoje estão abandonadíssimos, vão oferecer qualidade de atendimento.

Temos também a questão de educação que, na atual administração, fechou Oficinas do Saber e praticamente todos os Sabe Tudo.

Como você pretende reaproveitar esses espaços e quais são suas propostas para Educação?

Temos 32 Sabe Tudo fechados e a construção deles custou para a cidade R$ 12 milhões e eles custavam quase R$ 1 milhão por mês para sua manutenção, que fazia um trabalho que poderia ser muito mais caprichado e bem-feito. Estou propondo que a gente faça um edital de ocupação de caráter comunitário, cultural e tecnológico nos 32 prédios, ouvindo a população no entorno e fazendo com que o Sabe Tudo seja uma ponte entre a comunidade e a escola, levando ao Sabe Tudo atividades de caráter cultural, por exemplo, transformando ele em um ponto com dinâmicas e propostas coletivas de cultura e lazer que temos aqui ou que possa servir de ponto de encontro para a comunidade no entorno, com atividades para donas de casa e donos de casa, ou serem pontos de startups para que a juventude encare a tecnologia e se disponha a fazer algo nessa área, gerando perspectiva de renda, de inovação e de trabalho, sempre pensando na comunidade, no local onde a escola ou Sabe Tudo está. O Sabe Tudo será um polo de cidadania e de políticas públicas genial.

Outra questão que aflige não só o sorocabano, mas o brasileiro no geral é o desemprego. Como você pretende contribuir para a geração de emprego na cidade?

Não existe mágica. É um problema geral, mas agravado pelo tipo de administração que Sorocaba sofre hoje. Por exemplo, a Uniten perdeu recursos e faz um ou outro curso que é mais fácil sem pensar na necessidade da cidade, sem pensar e ouvir a demanda dos jovens que moram aqui ou dos trabalhadores que querem se qualificar. A Uniten tem de estar a serviço disso, e nós vamos trazer fortes parcerias da Prefeitura com Sebrae, Senai, Senac, com os empresários - Fiesp e Ciesp – para entender ao que eles estão precisando, e com as universidades. Temos de convidar o jovem sorocabano a inovar e a empreender, porque não adianta chamar a empreender sem assistência. Isso é importante no curtíssimo prazo, porque é importante empreender com informação, usando a tecnologia para que essa juventude possa criar sua micro e pequena empresa e prestar serviço para o parque industrial que temos aqui. E é assim que a gente vai conectar a juventude ao seu primeiro empreendimento – não quero chamar nem de primeiro emprego - para a gente reaquecer a economia com inteligência e conectar Sorocaba com a economia do século XXI.

Quais as propostas para a

questão da Segurança Pública?

Eu gosto sempre de pensar no tema da Segurança Comunitária. Segurança não é um problema só de polícia, é um problema de planejamento urbano e um problema social, e nisso entra umas coisas que são muito importantes que a gente observa. O prefeito tem de ser o grande articulador das ações de segurança, articulando a Prefeitura com as outras polícias, a Guarda Municipal com as outras polícias. A Guarda Municipal vai ter no meu governo todo esse treinamento continuado, aumento do efetivo e garantia de boas condições de trabalho. Vamos colocar lâmpadas de LED inicialmente em todas as escolas, no centro da cidade, nos parques públicos e nas vias com maior incidência de crimes, porque elas iluminam mais, são mais econômicas, duram até dez vezes mais que uma lâmpada de sódio, e uma cidade mais iluminada é mais convidativa para as pessoas. O que faz uma cidade insegura são os becos escuros, as ruas mal-iluminadas, uma péssima segurança e o fato de as pessoas ficarem trancadas dentro de casa. Precisamos devolver Sorocaba para as pessoas. Essa, inclusive, é uma ação de segurança.

Em meio à crise econômica, desemprego e queda na arrecadação,

como você pretende governar Sorocaba pelos próximos quatro anos?

Em tempo de recessão econômica é preciso saber fazer as melhore escolhas, e a melhor escolha é governar para as pessoas e com as pessoas. A melhor escolha é parar de governar do Palácio dos Tropeiros e governar no chão da cidade, ouvindo as pessoas e prestando contas com transparência e honestidade; isso é fundamental. Precisamos qualificar o serviço público, fazer um pacto pela melhoria do serviço público, respeitando os servidores e também cobrando um bom desempenho. Assim, a gente vai fazer um mutirão pela saúde, diminuindo filas, vamos melhorar a merende escolar, com produtos orgânicos comprados de agricultores da região, fazer um planejamento urbano integrado ao planejamento metropolitano, porque o que é bom para Sorocaba é bom para a região. Estou certo de que, com capacidade, inteligência e transparência, Sorocaba vai ser a melhor cidade do Brasil para se viver. Está na hora de fazer diferente e a hora é agora.

Vice-candidato, André Cordeiro, coordena

programa de governo do PT nestas eleições

O vice-candidato a prefeito pelo Partido dos Trabalhadores de Sorocaba, André Cordeiro, é biólogo e professor da Ufscar Sorocaba. Ele tem 47 anos, é filiado ao PT, casado com Eliane Rabelo, formada em Administração de Empresas, e tem duas filhas. O professor representa a Ufscar no Comitê de Bacia do Médio Tietê, participou ativamente da discussão do Plano Municipal de Educação e do Plano Diretor de Sorocaba e está coordenando o programa de governo do PT para estas eleições municipais.


 
 
 

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