João Leandro promete governar Sorocaba com responsabilidade - Diário de Sorocaba
- maaatheusgomes
- 29 de set. de 2016
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Foto: Fernando Rezende
João Leandro (PSDB) é o quarto da série de entrevistas do DIÁRIO com os candidatos à Prefeitura para falar sobre suas propostas e polêmicas envolvendo sua candidatura. A publicação das entrevistas segue como critério a ordem crescente do número de urna dos candidatos. Assim, já foram publicadas as entrevistas com Hélio Godoy (PRB), número 10, Gláuber Piva (PT), 13, e José Crespo, 25. Hoje é a vez de João Leandro – entrevistado no dia 16 de setembro -, número 45, e amanhã, o candidato do PSOL, Raul Marcelo, número 50.
Natural de Guapiara (SP) e sorocabano de coração, João Leandro da Costa Filho é advogado e presidente municipal do PSDB em Sorocaba, mas enfrenta sua primeira eleição. Casado, pai de um filho e avô de dois netos, João Leandro foi assessor na Câmara Federal por mais de 10 anos, onde trabalhou auxiliando prefeitos de mais de 70 cidades em suas administrações.
Em Sorocaba, na administração do atual prefeito, Antônio Carlos Pannunzio (PSDB), assumiu a função de Secretário de Governo e Segurança Comunitária, e responsável por importantes avanços na Guarda Civil, como a implantação da Muralha Eletrônica e do sistema de videomonitoramento. Também ajudou o município a conquistar o 1º lugar no ranking do Ministério Público de Transparência Pública no Estado de São Paulo.
DIÁRIO DE SOROCABA – Atualmente, o governo do prefeito Antônio Carlos Pannunzio tem rejeição de 58%, segundo pesquisa Ibope divulgada no dia 15 de setembro pela TV TEM. Como sucessor de Pannunzio, o que seu eventual governo pode trazer de novo na próxima gestão?
CANDIDATO – Primeiro, temos de contextualizar que esta gestão, que está se encerrando agora, assim como as gestões no modo geral no País inteiro, estão sofrendo a maior crise orçamentária da história da República. A cidade de Sorocaba também sofreu nos últimos quatro anos a maior crise orçamentária da sua história. Portanto, quem está no governo neste momento, é compreensível que tenha uma dificuldade da sua imagem, porque o Brasil vinha crescendo numa situação muito boa nos últimos 10, 15 anos e, neste período, os governos federal, estadual e municipal acabaram criando muitos serviços importantes em função da comunidade; isso, em um momento de glória, de arrecadação em alta. No momento em que a arrecadação começa a diminuir e os gestores públicos têm a Lei de Responsabilidade Fiscal, que deve ser cumprida em sua integralidade, eles acabam tendo de fazer adequações, cortes em orçamento e em atividades, e é claro que incomoda e deixa o cidadão aborrecido. Então, se você pegar uma pesquisa de todos os Estados brasileiros, de todos os governadores, de todos os prefeitos, você verá que todos estão com uma reprovação muito alta por conta disso. Agora, temos a expectativa de que, com a queda da presidente da República, começa-se um novo ciclo político e econômico no País, e que o município de Sorocaba, que não quebrou e conseguiu gerir suas finanças, eu tenho certeza de que poderia governar num cenário diferente do que o prefeito Pannunzio governou. E se tem uma coisa que não abro mão é da postura responsável, séria e verdadeira no trato da coisa pública.
Na sua avaliação, qual foi o principal erro da administração municipal
nesses últimos quatro anos e que você pretende consertar?
Eu não diria que o governo errou. Ele pode ter aprovado uma medida aqui e outra ali, mas medidas que não comprometeram o todo do governo. De modo geral, o governo acertou, foi sério e passou pela pior crise da história. Enquanto 62% dos municípios brasileiros comprometeram seus orçamentos e ultrapassaram seus limites na Lei de Responsabilidade Fiscal, Sorocaba ficou na casa dos 40%. Enquanto 62% dos municípios estão tendo dificuldades com pagamentos de funcionários e servidores, Sorocaba continua pagando em dia. Enquanto 14 dos 26 Estados estão estudando decretar estado de calamidade pública por falta de dinheiro, porque estouraram todos seus orçamentos, a cidade de Sorocaba continua honrando seus compromissos. Este é um governo que pode não ser reconhecido neste momento, porque o cidadão é imediatista, e isso é compreensível, e quer ver as coisas acontecendo no momento em que ele precisa, mas, num futuro bem próximo, os próximos administradores, e o cidadão de modo geral, vão reconhecer que foi bom ter um prefeito sério, experiente e que conseguiu atravessar este momento de crise no município de Sorocaba, que continua sendo o 20º PIB do País, continua sendo uma das melhores cidades para se viver e continua, isso mais importante, sendo reconhecida a primeira cidade em transparência pública e administrativa do País.
Você, que trabalhou no atual governo, deve ouvir muito da imprensa e da população em geral, quando apresenta suas propostas, indagações como: “por que não fez isso no governo enquanto trabalhava nele?” Como você lida com essas perguntas?
São perguntas até que pertinentes, e é natural que quem está no governo ouça esse tipo de questionamento, mas a maioria das questões que venho apresentando, posso explicar. Um exemplo é o BRT. As pessoas podem perguntar: “porque vocês não fizeram?”. Nós fizemos toda a construção jurídica e legal, lançamos o edital em julho de 2013 e ele sofreu dezenas de impugnações, de contestações judiciais, que têm de cumprir um prazo legal de tramitação, tanto na esfera judicial quanto no Tribunal de Contas, que só agora, neste final do governo, ele vai ser assinado. Não é que nós não fizemos o BRT, nós fizemos tudo que era necessário para que chegássemos a este momento para poder efetivamente assinar o contrato. Tem o Hospital Público da zona norte, que as pessoas podem dizer: “por que vocês não fizeram?” Assumimos a Prefeitura de Sorocaba com o compromisso de construir o hospital, só que ninguém imaginava que a gente ia chegar ao dia 1º de janeiro de 2013 com uma ordem judicial para assumir 1,2 mil leitos psiquiátricos em Sorocaba. Ou seja, seis vezes o tamanho do hospital que a gente ia construir na zona norte. Tivemos de construir uma nova estratégia para o hospital e toda a legislação de Parceira Público-Privada, e isso você não faz da noite do dia; nós passamos dois anos discutindo com audiências públicas para poder adequar com a lei que fosse possível de executar aqui no município. Nós aprovamos essa lei e somos o primeiro município do interior, fora as capitais, que tem legislação própria de Parceria Público-Privada. Ou seja, tomamos todas as medidas que eram necessárias para que o próximo governo possa implementar. Da mesma forma que eu posso citar outras áreas, como Educação, Saúde e outros atendimentos, como as UPHs. Enfim, avançamos em todas as áreas neste período em que pega a crise. Agora, nenhum governo consegue concluir todo o seu projeto, por isso a importância de quem estiver à frente do governo em ter a percepção e sensibilidade de não interromper e parar os bons projetos em andamentos.
Qual será o principal
pilar do seu governo?
Qualquer coisa que o próximo prefeito ou até mesmo candidato pense em fazer, seja em Educação, Saúde e Segurança - poucos estão falando – se ele não pensar na questão orçamentária, vai ficar só no blábláblá. Vai ficar no blábláblá porque, se ele não conhece o orçamento ou se conhece, passa a ideia para o cidadão de que não precisa respeitar a Lei de Responsabilidade Fiscal, que não precisa respeitar a Lei de Licitação. Não é assim. O gestor público precisa cumprir a Lei de Responsabilidade Fiscal, que significa não gastar um centavo a mais do que arrecada, significa não gastar mais do que 52% do seu orçamento com folha de pagamento, significa gastar pelo menos 25% para a Educação. Enfim, é uma série de questões que acabam, de um modo ou outro, com os próximos governantes; não só em Sorocaba, mas também em todo o Brasil, é ter cuidado com o orçamento. Lembrando que a presidente foi cassada não por causa da “Lava-Jato”, mas porque gastou mais do que arrecadou, cometendo crime de responsabilidade. Então, nossos administradores, prefeitos e governadores que não tomarem cuidado, gastarem mais do que arrecadarem, certamente serão cassados também. Tenho caminhado pelas ruas, pelos bairros e todas as regiões daqui de Sorocaba e, apesar da questão de a Saúde ser muito importante, uma questão preocupa muito as famílias, pais, mães e avós, principalmente, é a segurança pública, mais especificamente a questão do tráfico de drogas. Esse á um flagelo das famílias. Tenho recebido muitas mães, avós, pais com essa preocupação. Estou propondo como uma medida rápida e urgente, que vai dar um avanço importante na questão da segurança, que é ampliar a nossa Muralha Eletrônica, que já implantamos – e poucos sabem - aqui em Sorocaba, com 480 quilômetros de fibra óptica. É o maior programa de Info Via do interior brasileiro. Isso permitiu que a gente pudesse instalar 170 radares inteligentes na cidade de Sorocaba. Hoje não passa um carro com indicação de ilicitude que não seja pego pela polícia ou pela Guarda Municipal, e hoje conseguimos ampliar de 45 para 105 as câmaras espalhadas pela cidade, o que traz mais segurança para o cidadão. No combate ao tráfico, vamos ampliar para os principais corredores da cidade, nas proximidades das escolas, onde sempre ocorre o tráfico de entorpecentes, a implantação da Muralha Eletrônica e trazer segurança e paz para as famílias. Essa é uma questão que tem de ser atacada imediatamente, mas sem perder de vista que temos a Saúde, Educação, vagas em creche, que evoluímos muito nestes quatro anos. Ninguém construiu tanta creche como nós construímos nesse período em Sorocaba.
Se você não fosse candidato nem filiado a nenhum
partido, você votaria em João Leandro? Por quê?
Este é um momento importante pelo qual o País está passando, com o cidadão consciente da sua responsabilidade e conhecedor da necessidade de oxigenar a política e de que a falta de postura, de equilíbrio, que o radicalismo ou o despreparo, levou o País à derrocada que nós todos estamos passando agora. Neste sentido, eu iria dar uma olhada com carinho ao João Leandro, na história do João Leandro. De onde ele veio? Por que ele veio? O que ele fez até aqui? E é isso que estou pedindo para o eleitor sorocabano verificar. João Leandro trabalhou na roça até 27 anos de idade, semianalfabeto, que foi estudar com 29 anos de idade. Trabalhou bastante, estudou, viajou mais de 27 quilômetros por dia para fazer uma faculdade, formou-se em Direito, passou no exame da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), veio para Sorocaba, assumiu a Secretaria de Segurança Comunitária, deu uma alavancada no poder e nas condições da Guarda Municipal em Sorocaba, que passou a ser uma das primeiras no Brasil em todos os quesitos da Segurança Comunitária, ajudou Sorocaba a ser a primeira no País, num momento de crise ética e moral, em Transparência Pública e Administrativa, ajudou a dar um salto de qualidade nos números de vagas em creches num momento de crise em que o Estado parou de repassar dinheiro para a Educação. A cidade de Sorocaba passou a receber neste governo 24 novas creches, uma creche construída a cada dois meses. Nós elevamos o número de crianças em creches em mais de 50%. Esse seria o cidadão preparado que mereceria o voto do cidadão.
A questão da Saúde na cidade tem sido bastante discutida após o fechamento das UBSs às 17 horas. Em seu plano de governo, você fala em que “as Unidades Básicas de Saúde funcionarão no horário mais adequado a cada região em função da demanda existente e das suas peculiaridades”. Quais seriam essas demandas e peculiaridades? Isso indica a reabertura das UBSs até as 19 horas?
As pessoas confundem a verdadeira função das Unidades Básica de Saúde. As UBSs, embora fiquem com as portas abertas o dia todo, não atendem à demanda que chega repentinamente. Quem faz esse atendimento é o pronto-atendimento nas UPHs e nos PAs que temos por aí. A UBS atende às pessoas agendadas, ou seja, elas podem agendar até as 17 horas, até as 19 horas ou até as 22 horas, dependendo de cada região. O que acontece que todas as UBSs que tiveram redução no horário estavam ficando quase que ociosas a partir das 17 horas e tinham um custo de aproximadamente de R$ 5 milhões por mês num momento de crise. Esse é o momento em que o gestor tem de ter responsabilidade e escolher a melhor forma de otimizar e utilizar o dinheiro público. Então, aquelas unidades que sofreram redução no horário de atendimento reduziram 1,7% o número de atendimentos, naquele horário em que ela fechou. É muito melhor que qualquer gestor responsável, num momento em que se pode quebrar o sistema por causa de uma crise, faça essa redução. Mas, mesmo com essa redução, o cidadão sorocabano ainda tem sete pontos de atendimento de urgência e emergência. Em qualquer ponto da cidade que ele esteja, vai encontrar uma Unidade de Pronto-Atendimento, ou seja, temos certeza de que o impacto no atendimento foi mínimo enquanto o impacto no orçamento foi suficiente para não deixar quebrar Sorocaba.
Em meio à crise econômica, desemprego e queda na arrecadação,
como você pretende governar Sorocaba pelos próximos quatro anos?
Vou governar com muita responsabilidade e com respeito absoluto às regras do Direito Administrativo. Essa é uma obrigação do homem público, porque, se assim não for, ele vai, primeiro, incorrer a crime de responsabilidade e, segundo, dar prejuízo irreparável a seu povo, como a Presidente da República deu ao nos fazer retroceder, no mínimo, 10, 15 anos. Então, o próximo gestor, o João Leandro gestor, vai ter esse cuidado. Isso não significa que ele não vai ter a sensibilidade para entender e enfrentar com muita coragem os principais problemas, como desemprego, segurança, saúde e educação. Mas, acima de tudo, não vai ser um milagreiro que vai chegar e resolver tudo, porque ele tem um orçamento que tem de que ser respeitado. Ele tem de chamar a comunidade e discutir as questões e medidas a serem tomadas. Chamar as universidades, as pessoas que conseguem ajudar na cidade, porque não vai dar para fazer milagre com o orçamento que existe hoje; nenhum governo seja federal, estadual ou municipal. Então, não dá para ficar prometendo que vai fazer chover, que vai fazer Sol ou coisa parecida. O que está na mão do gestor municipal é postura, porque, se ele não tiver isso, ele quebra o município, que provavelmente vai demorar muito para se recuperar.
Cláudio do Sorocaba 1 sai da
Câmara e tenta lugar no Paço
Eleito três vezes vereador na cidade, Cláudio do Sorocaba 1 (PR) é uma das personalidades política mais famosas do município. Ingressou na política através da presidência da Associação de Moradores do Bairro Júlio de Mesquita Filho, em 1998, e foi eleito vereador pela primeira vez em 2004, com 2.623 votos, voltando a ser eleito ao mesmo cargo em 2008 e 2012.
Em seus três primeiros anos na Câmara, integrou a Comissão de Obras e Serviços Públicos. Criou o projeto de Lei que garante Farmácia 24 horas em todas as unidades de urgência e emergência e exigiu que fosse criada uma lei municipal para a instalação de banheiros ao público em todas as agências bancárias. Também foi responsável pela articulação da construção da Casa do Cidadão Ipiranga, da UBS do Wanel Ville e Pistas de Caminhada e Ciclovias em todo o bairro Júlio de Mesquita Filho e Avenida Santa Cruz.
Texto também disponível em: http://www.diariodesorocaba.com.br/noticia/249876
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